“Let The War Begin”

TRACK BY TRACK

1 – R.I.P.

R.I.P. funciona como um prólogo do resto do álbum. Quando terminei de compor, soube imediatamente que a música não funcionaria em nenhuma outra posição senão como a primeira faixa do meu primeiro disco. Ela adianta tudo o que as canções seguintes trazem: desilusão, superação e cura. 

A letra cria a metáfora da presa que, sobrevivente, passa a perseguir seu caçador. Após ser derrubada por ele, os papéis se invertem e, então, é o vilão que foge da mocinha, que se reergueu mais forte do que nunca. “He ran away cause the hunter didn’t kill his prey” (Ele fugiu, porque o caçador não matou sua presa).

A frase “Let the war begin”, que aparece nos primeiros e nos últimos segundos da música me pareceu, desde o início, um título óbvio para o meu álbum de estreia. “Deixe a guerra começar” é como um convite instigante  e, acima de tudo, franco.  

2 – Keep Choosing You

Keep Choosing You é a música mais vulnerável do disco. Escrita em julho de 2017, a canção fala sobre um amor tóxico e, no refrão, questiona incansavelmente: “Why do I keep choosing you?” (Por que eu continuo escolhendo você?). A letra não se esconde atrás de muitas figuras de linguagem e praticamente narra o que vinha acontecendo. Para mim, é com as músicas mais diretas que nos conectamos mais rapidamente.

3 – Ambush

Ambush sempre será a canção mais especial para mim. Fazia oito anos que eu compunha quando, no chão do meu quarto, escrevia Ambush sabendo que aquela deveria ser minha primeira música autoral a ser oficialmente lançada. Enquanto eu me perguntava o porquê de nunca ter gravado nenhuma composição antes, eu entendia o motivo: precisava ser Ambush. De todas as músicas que eu havia escrito até então, aquela era a mais honesta, a mais autêntica, a mais “Júlia” de todas. Acho que não preciso contar tudo de especial que vem acontecendo desde então por causa desse single. Preciso? Posso dar um spoiler: tudo mudou.

4 – Look At What You’ve Lost

Look At What You’ve Lost é a música mais antiga do disco. Eu tinha dezessete anos quando compus e, desde esse nostálgico tempo (voa, né?), eu vinha com a ideia de gravá-la a lançá-la para o mundo. Quando tudo engatou, quando Ambush pareceu ter ganhado a atenção das pessoas e depois de ter lançado meu segundo single (Keep Choosing You), eu soube que era a hora de desengavetar aquela ideia. Look At What You’ve Lost, “Olha o que você perdeu”, em português, foi não apenas uma das minhas primeiras composições em inglês, mas uma das que definiram o meu estilo, algo que eu já procurava há anos. Com essa canção, me encontrei no country-rock, abandonei as composições em português e nunca mais medi palavras ao escrever uma música.

5 – Healing

Healing foi a única música que compus especialmente para o álbum. Meu produtor e eu estávamos no final do processo e eu ainda não havia decidido qual seria a última faixa. Revirei minha memória e a dos meus amigos, buscando a track ideal para fechar o disco. Foi então que eu percebi que não estava encontrando a música ideal porque ela ainda não existia. Depois de quatro canções com uma visão negativa sobre os meus relacionamentos, senti que faltava falar sobre algo positivo. Para mim, as despedidas devem otimistas. Então, refleti sobre o que vinha acontecendo na minha vida pessoal desde que me assumi compositora. Tanta coisa tinha mudado para melhor! Precisei escrever sobre isso, sobre alguém que te cura de feridas antigas e, acima de tudo, sobre o sentimento mais especial de todos: esperança. Healing definiu o design do EP, que apresenta poucas cores tingindo, gradualmente, as imagens preto e branco. “My heart has been repainted and I’m no longer blue” (Meu coração foi repintado e eu não estou mais triste).